quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

COMUNICADO

Há pouco mais de um mês fui contactada pelos autores do blogue "a vida nos orfanatos" que me convidaram para patrocinar um projecto de angariação de fundos a favor da Instituição.
Uma vez que, em questões de solidariedade, e sobretudo quando existem crianças envolvidas, só não participo se me for de todo impossível, aceitei de coração o apoio solicitado.
Nessa medida sugeri a realização de um evento, a realização de uma exposição de trabalhos a serem oferecidos por todos os que desejassem contribuir, e cuja venda reverteria então para a referida Instituição.
Iniciei então inúmeros contactos para a concretização do projecto.
Obtive da parte das Juntas de Freguesia de Agualva, Mira-Sintra e São Marcos, cujos presidentes mostraram extrema amabilidade e disponibilidade, apoio logístico, contactei meios de comunicação social obtendo cobertura do evento por parte de algumas revistas, falei com personalidades do meio artístico e cultural que se prontificaram a dar a cara e ajudar.
E é neste cenário que comunico que, infelizmente e muito lamentando o facto, me vejo obrigada a sair deste projecto não podendo, nem querendo, ter o meu nome associado ao mesmo.
Quando existe dinheiro envolvido, muito ou pouco, toda a lisura e transparência é exigida tanto mais quanto estamos a falar de dádivas e ofertas.
Sempre foi minha convicção que, no final, apurada a receita amealhada, a mesma seria, na integra, entregue à Instituição em causa, a qual tive a oportunidade de visitar e me merece todo o carinho e respeito.
Ao tomar conhecimento que autores do projecto têm como intenção reter as verbas amealhadas para, conforme seu processo de intenções, irem dando à Instituição não sei sob que critérios, não podia estar mais em desacordo.
Em resultado do meu desagrado optaram então por prescindir da minha colaboração e patrocínio uma vez que nunca poderia pactuar com situações, para mim, menos claras.
A todas as pessoas e entidades que, em meu nome pessoal e da ARTFACTU, contactei, agradeço toda a receptividade e peço desculpa por este desfecho.
À Instituição em questão e às crianças que nela vivem todo o meu apoio e carinho e a certeza que novas oportunidades estão já a ser ponderadas.
Por fim, a título de ressalva, avisar que qualquer uso do meu nome aliado a este projecto será abusivo, falso e passível de outras consequências.

domingo, 17 de janeiro de 2010

DOIS MUNDOS

Vivemos divididos entre dois mundos.

O interior e o exterior.

No interior somos o centro do universo. Projectamos sonhos e fantasias.

Ajustamos a realidade aos nossos conceitos. Podemos enfrentar os nossos receios, os nossos fantasmas, imaginar a concretização dos nossos projectos e moldar a nossa personalidade de acordo com os nossos padrões.

O mundo exterior é adverso.

Oprime-nos, sufoca-nos e obriga-nos por vezes a representar papéis que não são os nossos.

O mundo exterior não quer saber de nós porque nele não somos o centro do Universo.

Então adaptamo-nos. Sobrevivemos. Criamos máscaras e erigimos defesas.

Desconfiamos.

Temos de lutar.

Lutar para sobreviver e lutar ainda mais para vencer.

É nesta ambivalência que ocorre o conflito mais perigoso.

O choque dos Mundos.

O mundo exterior invade o nosso mundo interior.

É mais forte, é mais sufocante, é a realidade.

O mundo exterior parece por vezes ser sádico, tendo prazer em destruir o nosso mundo interior.

O mundo exterior não quer saber das nossas fantasias, ignora os nossos ideais, destrói os nossos sonhos.

Mas é uma guerra que não pode vencer.

O poder tem de estar centrado no nosso mundo interior. O poder de resistir. O poder de lutar. O poder de sermos nós a liderar o nosso destino.

Ultrapassando as derrotas aprendendo com elas.

Valorizando as vitórias.

Compreendendo o que devemos valorizar mais e o que devemos deixar para trás.

Assimilando que certas mágoas ou cicatrizes são meros lastros que só nos amarram e nos prejudicam.

O mundo interior é o nosso refúgio.

É a partir daí que podemos construir a nossa felicidade.

Não o podemos ignorar.

Temos de ir cuidando dele.

Se o abandonamos, se o deixamos definhar, então a guerra está perdida.

Se murchamos por dentro morremos por fora.

O nosso interior, por muito que o escondamos, reflecte-se no exterior.

O nosso mundo interior é a nossa vida e só nós o conhecemos por inteiro.